segunda-feira, 15 de agosto de 2011


Aliança inusitada pode reunir PDT, PMDB e DEM em Natal

Carlos Eduardo conversa com primos peemedebistas Henrique e Garibaldi, afirma que vai lutar pelo apoio deles e admite se aliar até a Agripino.

Por Alisson Almeida
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Já virou lugar-comum dizer que, em política, tudo pode acontecer. Essa surrada máxima popular, porém, está prestes a se confirmar novamente. Caso prosperem as conversas pré-eleitorais em curso, 2012 poderá marcar o nascimento de uma aliança até então inimaginável reunindo PDT, PMDB e DEM em torno da candidatura do ex-prefeito Carlos Eduardo. O acordo representaria ainda a pax pública para a família Alves, separada politicamente há quase uma década, mas que voltaria, agora, a dividir o mesmo palanque em Natal.

O primeiro passo para isso ocorreu na última sexta-feira (12), num almoço que reuniu os peemedebistas Henrique Alves, Garibaldi Alves Filho, Walter Alves e os pedetistas Agnelo Alves e Carlos Eduardo Alves. A reunião, além do caráter familiar, serviu para tratar da sucessão da prefeita Micarla de Sousa (PV). Carlos confirmou que a possibilidade de aliança foi discutida e, mais que isso, afirmou, com veemência, que vai “lutar” pelo apoio dos primos do PMDB.

Um dia antes, Henrique e Garibaldi haviam almoçado, em Brasília, com o senador e presidente nacional do DEM José Agripino Maia e com o marido da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), o ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM). Na pauta dos comensais, o mesmo assunto: a eleição municipal de 2012 em Natal.

Questionado sobre como via a movimentação do PMDB, que no intervalo de um dia senta-se à mesa com o DEM e o PDT, antagonistas no Estado, para tratar de alianças, Carlos Eduardo disse que “todos os partidos estão conversando” e lembrou que democratas e peemedebistas são aliados no Rio Grande do Norte desde 2006, quando se uniram em torno da candidatura a governador do senador Garibaldi Alves Filho.

Perguntado se aceitaria dividir o palanque com o DEM, Carlos Eduardo disse que a prioridade do PDT é “buscar aliança com partidos da base aliada [da presidenta Dilma Rousseff]”, mas acrescentou que não iria “recusar apoios”. “Mesmo vindo do DEM?”, insistiu a reportagem, ao que o ex-prefeito respondeu positivamente.

“A nossa conversa [dele e do pai Agnelo com Henrique, Garibaldi e Walter] foi sobre o PDT e o PMDB, não sobre o DEM. Minha prioridade é fazer aliança com os partidos da base, mas não estamos fechados a apoios”, declarou.

Carlos Eduardo enfatizou que o único veto em seu palanque é à prefeita Micarla de Sousa, sua principal adversária e desafeto político. Depois que assumiu o governo municipal em 2009, a pevista adotou a estratégia de criminalizar a administração do pedetista, responsabilizando-o pelo que chamou de “caos” que teria herdado do antecessor.

O ex-prefeito disse, ainda, que as conversas com o PSD, legenda em fase de criação e que deverá ser presidida no RN pelo vice-governador Robinson Faria, “permanecem em aberto”. Esse seria mais um partido a engrossar o arco político da candidatura de Carlos Eduardo.

Mas ao tentar arquitetar uma aliança tão ampla, Carlos Eduardo corre o risco de desagradar partidos mais à esquerda do espectro político, como o PC do B, cuja militância sempre manifestou simpatia pelo nome dele. Além disso, é improvável que o DEM do senador José Agripino e o PSD do vice-governador Robinson Faria dividam o mesmo palanque em Natal. É que o líder dos democratas ingressou com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra o registro da nova legenda no RN, o que levou à cisão entre Agripino e Robinson.

A movimentação do PMDB, tentando juntar PDT e DEM na mesma aliança, parece sugerir que essa é uma estratégia para isolar Robinson Faria. O apoio peemedebista exigiria de Carlos Eduardo, em contrapartida, o respaldo à candidatura a senador de Henrique em 2014 – mesmo cargo almejado pelo vice-governador. Como ninguém, em tese, pode servir a dois senhores, Carlos pode ser obrigado a se decidir entre Agripino e Robinson.

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